Não o vi mas sinto a sua presença em certos dias, por vezes basta-me olhar para a Serra de Sintra para imaginar a Atlântida em todo o seu esplendor.
Hoje o mar falou comigo. Está zangado! O homem captura vorazmente o seu peixe, não deixas que gerações cresçam e se reproduzam. Ele contou-me que assim o peixe já não tem sabor quando chega ao nosso prato.
Hoje o mar falou comigo. Está triste! Das suas profundezas sai uma mancha negra e viscosa que tudo mata lentamente, até os seres do ar que dependem do seu peixe. Quantas centenas de anos serão necessárias para sarar essa ferida monstruosa?
O mar é o meu confidente, e eu a dele. Eu conto-lhe dos meus problemas e alegrias enquanto que ele me conta das suas raivas e revoltas desde há uns anos para cá.
Sim porque, um século, para o mar não é nada. Ele que já existe desde que a Terra é Terra.
Quando o vou visitar, ao longe no horizonte
vejo os Seres que nadam em grupo, Sereias. Grupos enormes de cinquenta ou sessenta entre adultos e crias. Pergunto-me muitas vezes como fazem para não serem vistos pelo homem?
- Não sabes? É a Deusa Iana que os protege.
- Então porque é que eu os consigo distinguir por entre as tuas ondas?
- Porque tu tens um dom. O Dom de morar em Sintra, terra mágica, se as minhas ondas fossem mais baixas, ou as minhas águas mais transparentes como em tempos foram, a Serra de Sintra terminaria na Atlântida.
- Oh Mar, como eu gostava de ser sereia!
Ele riu-se para mim. Com certeza saberia algo que eu não sei, ele é imenso, é um só, mas por vezes ainda parece um adolescente quando uma das suas ondas nos surpreende.
Ele gosta quando vou ter com ele, normalmente em Magoito, estaciono o carro e falo com ele, sentada no muro à beira da falésia. Como eu gostava que o mar se pudesse transfigurar em alguém feito de água para se sentar comigo nas rochas e conversar durante horas. Ele teria mesmo muita coisa para me contar, se ele pudesse trazer à superfície todos os seus segredos… mas não, se calhar eu seria pequena de mais para abarcar todas essas descobertas.
Quando uma vez em Magoito vi a praia, e só a praia, coberta por um manto de nevoeiro, não resisti a descer até lá abaixo, para ver o meu amigo mar, ou quem sabe para conhecer algum Ser, mas na praia só haviam pedras, rochas despidas e a maré estava vazia. Descalcei-me, é tão bom, sentir os pés em contacto com aquela areia fresca! Aventurei-me em cima de uma rocha, queria ver o mar no meio daquele nevoeiro, avancei tanto que por momentos me senti a passar por um portal, e não sabia o que poderia ver do outro lado, se a Atlântida ou se Avalon… ou ambos! Mas eis que uma onda carinhosa me vem banhar os pés. Um cumprimento maroto, para acalmar o meu coração ansioso!
Hoje o mar falou comigo, está divertido! Porque lhe apetece brincar com as rochas, porque quando alguém coloca os pés na areia ele consegue comunicar, ver o interior das pessoas.
Hoje o mar falou comigo, que eu o visite novamente, talvez na Caparica quando o meu namorado for comigo. Sei que sente saudades quando a pele dos meus pés treme ansiosa pelo toque da areia fresca da manhã, ou pela onda fina que me vem dar as boas-vindas.
Quando o mar fala comigo, sinto-me mais feliz, sinto que sou parte dele…
Hoje o mar falou comigo. Está zangado! O homem captura vorazmente o seu peixe, não deixas que gerações cresçam e se reproduzam. Ele contou-me que assim o peixe já não tem sabor quando chega ao nosso prato.
Hoje o mar falou comigo. Está triste! Das suas profundezas sai uma mancha negra e viscosa que tudo mata lentamente, até os seres do ar que dependem do seu peixe. Quantas centenas de anos serão necessárias para sarar essa ferida monstruosa?
O mar é o meu confidente, e eu a dele. Eu conto-lhe dos meus problemas e alegrias enquanto que ele me conta das suas raivas e revoltas desde há uns anos para cá.
Sim porque, um século, para o mar não é nada. Ele que já existe desde que a Terra é Terra.
Quando o vou visitar, ao longe no horizonte
vejo os Seres que nadam em grupo, Sereias. Grupos enormes de cinquenta ou sessenta entre adultos e crias. Pergunto-me muitas vezes como fazem para não serem vistos pelo homem?
- Não sabes? É a Deusa Iana que os protege.
- Então porque é que eu os consigo distinguir por entre as tuas ondas?
- Porque tu tens um dom. O Dom de morar em Sintra, terra mágica, se as minhas ondas fossem mais baixas, ou as minhas águas mais transparentes como em tempos foram, a Serra de Sintra terminaria na Atlântida.
- Oh Mar, como eu gostava de ser sereia!
Ele riu-se para mim. Com certeza saberia algo que eu não sei, ele é imenso, é um só, mas por vezes ainda parece um adolescente quando uma das suas ondas nos surpreende.
Ele gosta quando vou ter com ele, normalmente em Magoito, estaciono o carro e falo com ele, sentada no muro à beira da falésia. Como eu gostava que o mar se pudesse transfigurar em alguém feito de água para se sentar comigo nas rochas e conversar durante horas. Ele teria mesmo muita coisa para me contar, se ele pudesse trazer à superfície todos os seus segredos… mas não, se calhar eu seria pequena de mais para abarcar todas essas descobertas.
Quando uma vez em Magoito vi a praia, e só a praia, coberta por um manto de nevoeiro, não resisti a descer até lá abaixo, para ver o meu amigo mar, ou quem sabe para conhecer algum Ser, mas na praia só haviam pedras, rochas despidas e a maré estava vazia. Descalcei-me, é tão bom, sentir os pés em contacto com aquela areia fresca! Aventurei-me em cima de uma rocha, queria ver o mar no meio daquele nevoeiro, avancei tanto que por momentos me senti a passar por um portal, e não sabia o que poderia ver do outro lado, se a Atlântida ou se Avalon… ou ambos! Mas eis que uma onda carinhosa me vem banhar os pés. Um cumprimento maroto, para acalmar o meu coração ansioso!
Hoje o mar falou comigo, está divertido! Porque lhe apetece brincar com as rochas, porque quando alguém coloca os pés na areia ele consegue comunicar, ver o interior das pessoas.
Hoje o mar falou comigo, que eu o visite novamente, talvez na Caparica quando o meu namorado for comigo. Sei que sente saudades quando a pele dos meus pés treme ansiosa pelo toque da areia fresca da manhã, ou pela onda fina que me vem dar as boas-vindas.
Quando o mar fala comigo, sinto-me mais feliz, sinto que sou parte dele…
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