Disseram-me que ando a falar demais, que escrevo coisas que não devia, que tenho de evitar fazê-lo, que não posso escrever por muito que goste de o fazer . Mas como?
Como posso deixar de escrever o que sinto? Se eu amo escrever.
Como posso deixar de relatar o que me deixa triste ou contente? Se não tenho mais ninguém que me ouça.
É como se quisessem controlar os batimentos do meu coração e torná-lo mecanizado, sempre ao mesmo ritmo como se fosse uma máquina sem qualquer tipo de emoção.
Sim, estão a querer calar-me, mas eu não tenho vontade nenhuma de ficar calada, pois se eu não escrever sufoco, é o ar que respiro. Não foi á toda que fiz um curso de "Escrita Criativa", não é por acaso que consigo criar historias maravilhosas de feiticeiras e princesas, ou baseadas na realidade qual Eça de Queiroz "n'Os Maias", ou ainda poemas melodiosos à Fernando Pessoa ou Bocage. Mas nem só de fantasia vive a minha escrita, também gosto de dar a minha opinião quando lei-o uma determinada noticia num jornal on-line quer seja quando ela me indigna e me revoltar quer seja quando ela me alegra e me orgulha.
Querer que eu não escreva faz-me sentir como se me estivessem a censurar e impedir a minha liberdade de expressão e isso é um direito adquirido da democracia e da sociedade moderna e do qual eu não abdico. Não quero jamais ser como aquelas mulher nas Arábias que têm de andar todas cobertas de roupa e que não podem dar a sua livre opinião sob pena de serem castigadas e mortas. É triste viver numa sociedade assim em que não se pode falar. E eu não aguentaria estar sem escrever, sei que nem todos os dias temos inspiração para o fazer, mas quando temos sabe sempre bem fazê-lo, é como se libertássemos uma parte de nós mesmos. E eu vou escrever até que os dedos me doam!
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