Hoje a minha mãe precisava uma uma pequena (grande) ajuda para desarrumar a sala, - sim eu escrevi bem, desarrumar a sala - e porquê? Porque ao fim desde tempo todo o meu pai meteu na cabeça que quer por uma lareira na sala, de modo que eles já tinham andado a ver e vão mesmo avançar. Assim ela chamou o João e mais a senhora que nos faz as limpezas semanalmente para virem ajudar. Ela chegou pontualmente ás 13h horas da tarde, e pôs-me logo a trabalhar, felizmente que pouco depois o João ligou a dizer que estava despachado e eu tive que o ir buscar (a casa) e como havia transito e muita chuva demorei mais. Mas isso não foi desculpa para ele não tivesse que carregar com um móvel para casa da minha avó, ele a minha mãe e a tal senhora, eu tive que o limpar todo muito muito bem limpo.
Já eram 17h horas quando fomos lanchar, foi nessa altura que também começou a relampejar e a chover torrencialmente. A minha mãe ligou - porque tinha ido buscar o meu irmão - para que eu fosse levar o João a casa porque o tempo estava a ficar mau e ela não queria que eu andasse na rua, assim fiz, depois dele a convencer a deixar-me jantar com ele em Belas.
A chuva não parava, achei que o IC19 estaria um caos e não me devo ter enganado muito, por isso fui pelo caminho que costumo fazer, pelas estradas interiores, aproveitando um pequeno troço da A16 em que não se paga. Saí na Venda Seca, logo aí encontrei a estrada cheia de água, mas dava perfeitamente para passar, por isso continuei, assim que começo a descer a Idanha o aglomerado de água adensa-se á minha volta. A estrada transformara-se num rio, eu deixara de ver as linhas no alcatrão e até mesmo os passeios. Era a loucura! Nunca vira tanta água na minha vida.
O transito ás duas por três parou mesmo, estávamos a cerca de 100 metros - ou nem tanto - do cruzamento dos Fofos de Belas, os bombeiros tentavam desesperadamente abrir e desentupir as sarjetas atoladas de terra e folhas secas. Ficámos parados mais de 20 minutos, foi quando deixei de estar preocupada com os trovoes mas sim com aquela água toda!
Ao fim desse tempo, notei que o nível daquele rio em que eu estava tinha baixado, e não tardou muito para que os carros voltassem a circular, virei á direita no cruzamento, porque era impossível tentar apanhar qualquer atalho por outro lado. Mais á frente os meus olhos ficaram pasmados ao ver ainda mais água. A rotunda de Belas estava completamente alagada, os carros não passavam e o meu era baixinho e eu não me iria atrever a arriscar, dei meia volta virei numa rua e meti-me noutra fila de carros. Desta vez ia dar a volta por outro lado, em direcção ao Telhal, is voltar para casa, não se conseguia passar por lado nenhum.
O João ligou á minha mãe:
Isto és uma caos e água por todo o lado. Hoje vou dormir aí nem que a vaca tussa nem que tenha que dormir com a velha, mas daí já não saio!
Uma vez em casa, e a respirar de alivio, fomos ajudar o meu pai a fazer as ligações da TV. O João fazia uma festa tentado convencer a minha mãe a fazer-lhe uma cama improvisada no escritório com as almofadas do sofá. Eu ainda sentia as minhas pernas a tremer por causa do meu tempo.
Ás 20h fomos jantar sossegadamente. Mas eu ainda não acreditava que ele fosse mesmo dormir lá. E de facto não, - alguma vaca lembrou-se de tossir - porque o meu pai foi levá-lo á estação pelo IC19 - o que quanto a mim foi loucura porque ele tinha acabado de ver que o IC está atulhado de carros. Enfim, resumindo, a saída para o Cacém estava quase parada, a saída para Massamá cortada, a saída para Queluz com um transito louco, conclusão ele foi levá-lo a Sete Rios. Deixou-o quase à porta de casa, e depois lá voltámos nós para casa.
Ainda não foi desta que ele conseguiu dormir aqui.
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