Mais tarde depois de jantarmos os dois, contei-lhe a minha bizarra entrevista, e ele só se ria, depois contou-me que lá no trabalho dele andaram os auditores, mas que um deles, com aspecto de louco, não parava de olhar para ele. Ele até brincou com a situação dizendo que ele devia ser gay ou algo parecido.
Uma semana depois, estava um dia de sol e calor digno de uma tarde passada na praia, felizmente era a folga dele e fomos aproveitar o dia depois de almoço, fiz um lanche para nós, arrumei um saco com as toalhas e o protector solar, e lá fomos.
A praia estava realmente cheia, tanto que tivemos que dar algumas voltas com o carro para encontrarmos um lugar, não foi fácil, a segunda tarefa complicada fui encontrar um cantinho na areia que escaldava a sola dos pés a cada passo. O João já farto de andar a areia, largou o chapéu de sol.
Eu também já estava uma pouco cansada de procurar um lugar e concordei com ele, olhei para trás, dava para ver onde tinha o carro estacionado e tudo. Ele despiu-se logo, estendeu a toalha por baixo do chapéu de sol, eu fiz o mesmo e deitei-me ao lado dele passando-lhe o protector solar para mo pôr nas costas.
Perto de nós estava uma criança pequena a brincar na areia, fazendo castelos e escavando como se fosse encontrar um tesouro perdido em 50 cm de profundidade.
Tu não podes ver crianças que te pregas a olhar para elas.
Disse o João para mim.
Ele sorriu e beijou-me, ficámos deitados na areia de cabeças encostadas um ao outro. Senti o calor do sol nas minhas costas e sugeri-lhe para irmos molhar os pés, ver como estava a água.
Ao longo da nossa caminhada fomo-nos aproximando das falésias, e da zona mais rochosa da praia, ficámos curiosos para ver o que o mar tinha esculpido ao longo de milénios, e um dos buracos da rocha causou-me alguma estranheza. Parecia quase a entrada de uma caverna, mas estava muito a cima das nossas cabeças, talvez a areia estivesse muito mais alta na altura em que aquilo fora aberto, agora para a ver melhor teríamos a escalar um bom bocado da rocha.
Depois vi que haviam marcas na falésia que se assemelhavam a uma escada, mas estavam disfarçadas, talvez pela erosão do mar, talvez propositadamente não se entrar ali facilmente.
Voltámos para trás e ainda fomos a banhos, a água estava óptima e com o sol já quase a por-se no horizonte o ambiente estava realmente único.
À saida da praia, quando olhei para trás de relanca para verificar se não tinhamos deixado nada para trás, deu-me a sensação de ter visto alguém, de vestes compridas, na entrada da caverna a olhar cá para fora na nossa direcção. Um calafrio passou por mim em segundos, e eu acelerei instintivamente os passos até ao carro, com o pretexto de que ainda queria ir comer um gelado com ele. E quando voltei a olhar para a falésia, já não estava lá ninguém.
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