Já não era a primeira vez que ao passar naquela rua tinha a sensação de haver uma porta escondida naquela parede do muro. Era visível a forma de uma porta, quase como se eu a pudesse empurrar para ela se abrir. Mas nunca gostei de ser intrusa nem coscuvilheira de mais por isso segui o meu caminho. Ia ás compras, buscar uns legumes, frutas e pão. O dia estava enublado, e a Serra estava toda tapada pelo nevoeiro, o que normalmente num dia de Inverno era sinonimo de chuva, mas num dia de Verão como era o caso tornava o dia um bocado soturno e abafado pelo calor, só muito de vez enquando é que o Sol lá espreitava por entre as nuvens, mas voltava logo a esconder-se.
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De dentro do muro, ou fosse lá o que fosse, saiu uma mulher ruiva, de cabelos brilhantes, compridos e encaracolados, com vestes compridas, azul escuro, e um capuz pela cabeça que lhe escorregou pelos cabelos mal ela voltou a fechar a porta. Parecia que tinha saído de algum filme medieval. Olhou em volta e não viu ninguém, depois olhou na direcção do meu carro, eu congelei, será que ela me tinha visto?
Tapou os cabelos e desceu a rua, passando por trás das árvores, e ao passar por trás da ultima, as vestes compridas desapareceram, e ela acabou de descer a rua com uma mini-saia, uma blusa branca, e um colete azul escuro, os seus cabelos estavam atados num totó e na mão direita segurava uma pequena pasta de trabalho.
Entrei no carro, quando já tinha a certeza que ela não o conseguia ver e voltei para casa. Curiosamente lembrei-me que tinha uma entrevista de trabalho à tarde e ainda me faltava fazer o meu almoço, deixar a casa toda arrumada e estender a roupa que tinha deixado a lavar.
Mas quem é que ia acreditar que vi uma mulher sair de um muro e a mudar de roupa tão depressa?
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