Hoje são muitos os que pensam que a população residente em Portugal aumentou. Parte dessa perceção deve-se, talvez, ao facto de uma grande fatia da população portuguesa viver em zonas próximas do litoral, em áreas urbanas, em especial nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Com efeito, nestas duas áreas, que ocupam cerca de 4% da superfície do território, reside 40% da população, segundo os resultados preliminares do Recenseamento da População de 2011. Cinco décadas atrás, o panorama era bem diferente: em ambas as áreas metropolitanas, residia cerca de 26% da população de Portugal.
Note-se, porém que esse crescimento ligeiro da população teria sido ainda menor sem os movimentos migratórios. A quebra da natalidade e o prolongamento médio da vida dos indivíduos não só são responsáveis pelo progressivo envelhecimento da sociedade portuguesa mas também redundaram numa "externalização" do crescimento populacional. A diferença entre os que nascem e os que morrem é cada vez menor (tendo atingido valores negativos, pela primeira vez em 90 anos, em 2007, 2009 e 2010), pelo que a componente migratória desempenhou um papel decisivo sobre a variação populacional na última década: larga parte (91%) do aumento da população resultou do saldo migratório positivo.
Contudo, apesar do valor do saldo migratório ser positivo, como se esperava, este ficou abaixo do que seria expectável. A partir das estimativas anuais, divulgadas na Pordata, só nos anos de 2002, 2003, 2004 e 2005 o saldo migratório positivo terá atingido 219 mil, bastante superior, portanto, ao agora apurado - de 182 mil - para o total do decénio.
O que quer isto dizer? Que porventura desaproveitámos, mais cedo do que pensávamos, uma oportunidade importante de atrair e fixar a população em Portugal. Só mais tarde, com a publicação dos resultados definitivos do Recenseamento da População de 2011, estaremos em condições de aprofundar esta questão. Para já fica a dúvida e alguma preocupação caso, tal como tudo parece indiciar, Portugal tenha regressado à situação, que não acontecia desde 1993, de país predominantemente de emigração.
Fonte: Visão
1 comentário:
um país predominantemente de emigração não é. o que acontece é que os fluxos de imigração são uma novidade nos anos 90, e desde essa altura que se ignora o facto de existir algumas população migrante para o exterior, em detrimento das massas populacionais que chegam ao nosso país. O que se passa em Portugal não é um fenómeno isolado. Toda a Europa se encontra assim. Países como a China atingirão este mesmo estado em 2030, a continuar com o actual ritmo de crescimento. E lá não existe qualquer apoio aos idosos, pois não há um sistema de segurança social. No Japão, em que a o índice sintético de fecundidade (número médio de filhos por casal) já ronda os 1,2 (enquanto que o mínimo considerado deveria ser de 2,1) promete receber a última criança a nascer no país em 2050, atendendo a uma projecção que corresponda aos actuais níveis de evolução. Até em países com algum comportamento diferencial e dimensão média de família mais levada, como o Brasil, a tendência dirige para um comportamento semelhante ao europeu. Isto não é um problema nacional, é um problema mundial
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